Projetos culturais terão R$ 5 milhões para valorizar a Pequena África
Publicado em 16/09/2025
Onze projetos culturais vão dividir cerca de R$ 5 milhões para valorizar a Pequena África, na região central do Rio de Janeiro.
Onze projetos culturais vão dividir cerca de R$ 5 milhões para valorizar a Pequena África, na região central do Rio de Janeiro. Os recursos virão do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e de instituições apoiadoras. Projetos propostos respectivamente pela Casa Escrevivência, pela Casa de Tia Ciata e pelo Instituto Entre o Céu e a Favela estão entre os primeiros colocados.
De acordo com os organizadores, os selecionados contribuirão para a preservação e valorização da memória e herança africanas na região da Pequena África. “Ao mesmo tempo, o edital garante investimento direto que fortalece manifestações culturais e organizações negras”, diz em nota o BNDES.
Notícias relacionadas:Rei de etnia angolana conhece, no Rio, a Pequena África.Caminhos da Reportagem percorre a Pequena África Carioca.BNDES lança edital para escolher gestor de fundo da Pequena África.O certame foi liderado pelo Consórcio Viva Pequena África, formado pelo Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (Ceap), Diáspora.Black e Feira Preta. O consórcio se tornou o parceiro gestor do edital após ter sido selecionado em chamada pública realizada em 2023 pelo banco.
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A escolha dos projetos levou em conta os critérios de relevância, impacto social, tradição e trajetória, maturidade organizacional, viabilidade técnica e poder de articulação. A Casa Escrevivência, espaço cultural lançado pela escritora Conceição Evaristo em 2023, ficou com o primeiro lugar. O local, situado no Largo da Prainha, abriga todo o seu acervo literário.
“Estamos falando de um patrimônio escrito, de um patrimônio bibliográfico, que sem sombra de dúvida se soma a outras memórias que estão implantadas na região como a memória da música, do samba, da culinária. Nós chegamos trazendo essa memória escrita”, explica Conceição Evaristo.
Paraty (RJ), 02/08/2025 - Casa da Escrevivência, criada pela escritora Conceição Evaristo ficou em primeiro lugar na escolha dos projetos. Foto-arquivo: Rovena Rosa/Agência Brasil Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil - Rovena Rosa/Agência BrasilSegundo ela, o edital viabiliza concluir a implantação do projeto. “Teremos condições de trabalhar com treinamento de professores, de trabalhar com a comunidade do entorno”.
Na segunda posição, está o projeto Caminhos da Tia Ciata, voltado para a promoção de saberes afro-brasileiros por meio de oficinas, rodas de conversa e vivências, incluindo culinária ancestral, samba e capoeira. A valorização da memória da Tia Ciata, figura central na história do samba e da cultura negra no Rio de Janeiro, estrutura as atividades envolvidas.
“Ao longo de 12 meses, vamos realizar uma série de ações voltadas escolas, comunidades e o público geral”, explica Gracy Mary Moreira, presidente da Casa de Tia Ciata.
“Acreditamos que a cultura transforma, educa e constrói pontes. Queremos deixar um legado institucional duradouro fortalecendo o papel da Casa de Tia Ciata como referência na preservação da memória afro-brasileira”.
Patrimônio culturalLocalizada na zona portuária do Rio de Janeiro, a Pequena África é marcada por sua relevância histórica na formação da identidade cultural afro-brasileira. A região abriga o sítio arqueológico do Cais do Valongo, principal ponto de desembarque de africanos escravizados nas Américas, reconhecido desde 2017 como Patrimônio Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
A região tornou-se também patrimônio histórico-cultural afro-brasileiro após o presidente Lula sancionar a Lei Federal 15.203/2025, na sexta-feira (12).
A Pequena África engloba também o Largo da Prainha, o Museu da História e Cultura Afro-Brasileira, a Pedra do Sal, o Cemitério dos Pretos Novos e a Casa da Tia Ciata, entre outros marcos históricos da região portuária do Rio de Janeiro.