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PF indicia 15 por contrabando de 1,5 tonelada de ouro de MT

Postado em 05/04/2022 por

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Relatório produzido pela Polícia Federal no bojo da Operação Céu Dourado, com indiciamento de 15 pessoas pelos crimes de organização criminosa, usurpação de bem da União, extração de ouro sem autorização legal, receptação qualificada, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro aponta que o grupo liderado pelo empresário Bruno Cézar Cecchini, vendeu e transportou ilegalmente 1.515 quilos de ouro (1,5 tonelada) que foram usurpados da União. Na cotação atual do ouro (R$ 295 o valor da grama), estima-se os envolvidos no esquema movimentaram cerca R$ R$ 450 milhões no contrabando do minério extraído ilegalmente em garimpos clandestinos de Mato Grosso.

Bruno Cézar é administrador das empresas RJR Minas Export Ltda, com sede no município de Alta Floresta (804 km de Cuiabá), RJR Minas Export Eireli, situada em Goiânia (GO) e BJR Minerios Ltda, também de Goiânia.

A Operação Céu Dourado foi deflagrada pela Polícia Federal de Goiás em 23 de outubro de 2019 para cumprimento de 24 mandados de busca e apreensão nos estados de Goiás, Mato Grosso e São Paulo. As ordens judiciais foram expedidas pela Justiça Federal de Goiás, local onde tramitarão os processos contra os indiciados depois que o Ministério Público Federal (MPF) oferecer denúncia. À ocasião, foram apreendidos dois aviões.

Conforme as investigações, o ouro mato-grossense que saía do Estado ilegalmente tinha a Itália como destino final. FOLHAMAX teve acesso a trecho do relatório onde constam os nomes dos e os fatos criminoso atribuídos a cada um deles. O documento aponta que a investigação que motivou a deflagração da operação teve como origem uma apreensão de 110 quilos de ouro dentro de um avião no Aeroporto Santa Genoveva, em Goiânia, no dia 10 de junho de 2019. O minério apreendido estava acompanhado de 16 notas fiscais, nas quais figuravam como emissora a RJR Minas Export e como destinatária a RJR Minas Export Eireli.

“Constatou-se ainda que as 16 notas fiscais fazem parte de um total de 246 notas ideologicamente falsas geradas pela RJR Minas Export Ltda no ano de 2019, nas quais constavam a mesma destinatária RJR Minas Export Eireli e o mesmo falso local de extração do ouro, tudo para ocultar a exploração, transporte e comércio do total de 1.515,5941 quilos de ouro que foram usurpados da União pelo grupo liderado por Bruno”, diz trecho do relatório assinado pelo delegado da PF, Bruno Pereira Pinto Gama, de Goiás.

Outra parte do inquérito informa que nos documentos apreendidos constava que o ouro havia sido retirado de uma área em Colniza (1.065 km de Cuiabá) vinculada ao processo de concessão de lavra nº. 862.319/1980, de titularidade da New Stone Mineração Ltda EPP. Há um contrato de parceria firmado entre a RJR Minas Export Ltda, BJR Agro Minas Ltda e a New Stone Mineração Ltda EPP. “Ocorre que investigação in loco e perícias realizadas pela Polícia Federal constataram que o ouro não foi retirado desse perímetro”, diz assegura o relatório.

No rol dos indiciados estão garimpeiros que extraíam o ouro, intermediários que fizeram a pesagem e o beneficiamento do minério, grandes empresários que compravam e transportavam o ouro em aviões com notas fiscais falsas, além de financiadores, cuja função era financiar o grupo para manter os crimes.

O inquérito da Polícia Federal concluiu que “os elementos de informação reunidos corroboram a hipótese criminal de que grupo criminoso se organizou com o objetivo de explorar bem da União sem autorização legal, destinando o produto ao mercado internacional. Os fatos ocorridos em 10.06.2019, que culminaram na instauração da presente investigação, revelam a estrutura montada e a divisão de tarefas existente entre os associados, conforme resumo a seguir, estando o despacho de indiciamento”.

LISTA DOS INDICIADOS

BRUNO CEZAR CECCHINI: Administrador de fato, dentre outras, das pessoas jurídicas RJR Minas Export Ltda, RJR Minas Export Eireli e BJR Mineiros Ltda.

JULIA LEAO CECCHINI: Filha de BRUNO CEZAR CECCHINI, figura como proprietária e administradora da RJR Minas Export Eireli no contrato social. Conforme afirmou em suas declarações, ela nunca desempenhou nenhuma atividade na pessoa jurídica, sendo seu pai o administrador de fato da empresa.

ADRIANO AGUIAR DE CASTRO: Funcionário de BRUNO CEZAR CECCHINI e um dos principais articuladores das transações ilícitas relacionadas à exploração ilegal do minério e à lavagem de dinheiro decorrente de tal delito. É apontado como a pessoa que contratou funcionários para iniciar as obras de infraestrutura em Colniza – MT “visando dar uma imagem de que no local já estava ocorrendo a extração de ouro” depois da apreensão em Goiânia.

BRUNA LAYANE CARVALHO CECCHINI: Filha de BRUNO CEZAR CECCHINI e proprietária da BJR Maq Minas Ltda. Consta nos autos que, na época dos fatos, além da aeronave PT-RIX, apreendida em Goiânia – GO com ouro ilegal, a RJR Minas Export Eireli, registrada em nome de JULIA, irmã de BRUNA, também fazia uso da aeronave prefixo PR-NIG.

JOSÉ CELSO RODRIGUES SILVA: Preso em flagrante em 10.06.2019 quando transportava o ouro. É funcionário de BRUNO CEZAR CECCHINI e um dos principais articuladores das transações ilícitas relacionadas à exploração ilegal do minério. As investigações identificaram que JOSÉ CELSO era um dos articuladores na compra e venda ilegal de ouro e era o homem de confiança responsável pelo transporte do produto irregularmente extraído do Mato Grosso para Goiás. Além disso, atendendo a pedido de BRUNO, figurou no quadro societário da “RJR Minas Export Eireli” para permitir a constituição da pessoa jurídica.

WALBER BARRIQUELO e PEDRO LOPES DE SOUSA, vulgo PIAUÍ: Garimpeiros que atuam na região de Colíder. Nos comprovantes de peso que acompanhavam o ouro apreendido em Goiânia em 10.06.2019, os nomes de “WALBER” e “PIAUÍ” estavam anotados à mão em alguns dos papéis, indicando que eles, dentre outros garimpeiros não identificados, foram responsáveis por explorar o minério apreendido e entregá-lo à venda para intermediadores (elo entre garimpeiros e empresários).

WILLIAN RIBEIRO, vulgo COWBOY, e WILSON RIBEIRO FILHO: Irmãos, intermediários na exploração de ouro e responsáveis pelas pessoas jurídicas “Texas Gold” e “WRF Whiskeria”, estabelecimentos destinados ao beneficiamento e preparo de ouro extraído de garimpos ilegais no Estado do Mato Grosso. Restou comprovado que a “Texas Gold” organizou parte do ouro apreendido em Goiânia e que a pesagem do minério se deu em balança de precisão utilizada nas atividades ilegais da “WRF Whiskeria”.

WILSON RIBEIRO e IVA PEDREIRA RIBEIRO: Pais de WILLIAN RIBEIROvulgo “COWBOY”, e WILSON RIBEIRO FILHO. Em 25.07.2019, semanas depois da apreensão do ouro ocorrida em 10.06.20019 em Goiânia – GO, o casal comprou imóveis de JULIA LEAO CECCHINI, filha de BRUNO CEZAR CECCHINI, no valor total de R$ 621.000,00. Na mesma data, o casal vendeu parte dos imóveis a BRUNA LAYANE CARVALHO CECCHINI, outra filha de BRUNO, por R$ 565.000,00. As manobras demonstram a intenção de dissimular negociações relacionadas à exploração ilegal de ouro envolvendo as famílias RIBEIRO e CECCHINI.

CREUDEVALDO BIRTCHE, vulgo “TUCURA”: Intermediário na exploração de ouro e proprietário de um hangar localizado no “aeroporto municipal” de Colíder – MT. De acordo com a análise do GPS da aeronave apreendida com ouro em Goiânia em 10.06.2019, o veículo taxiou nesse hangar antes de seguir para a capital goiana. Quando do cumprimento de busca no local, constatou-se que parte do hangar é destinada à compra e beneficiamento de ouro ilegal.

MAURO DOGI e GIACOMO DOGI: Administradores da CHM do Brasil Metais Ltda. Afirmaram que o ouro apreendido em 10.06.2019 havia sido comprado pela pessoa jurídica e seria destinado à Itália. Apesar das alegações de que não sabiam da origem ilícita do minério, o grande volume de ouro e de valores negociados com BRUNO CEZAR CECCHINI nos meses que precederam à apreensão torna inverossímil a versão de que a CHM do Brasil Metais Ltda não se preveniria de eventuais problemas, realizando uma simples checagem nos documentos apresentados pela “RJR Minas Export Ltda” e no local de onde o ouro supostamente era extraído.

Fonte: Welington Sabino/Folha Max

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